segunda-feira, 29 de abril de 2013

MAIS UMA VIAGEM: BOTAFOGO X RESENDE

Sábado, dia 27 de abril, o Maracanã após cerca de dois anos voltou a receber um jogo de futebol.

Um jogo não oficial realizado entre os amigos do ex-jogador Ronaldo x os amigos do ex-jogador Bebeto.

Na plateia estavam dezenas de operários que trabalharam na construção do Novo Maracanã.

O Maraca assim passou a ser chamado: Novo Maracanã.

Ainda preciso refletir com mais atenção sobre esse nome e toda simbologia que o envolve.

Reflexão esta que necessita de uma visita ao estádio que espero realizar no jogo do Brasil contra a Inglaterra.

Por enquanto o que posso dizer é que do lado de fora, o Maracanã parece um imenso canteiro de obras e que o jogo de sábado não me provocou interesse:



Olhando a "escalação" dos times e vendo que o preparador físico Marcio Atala jogaria, aí minha falta de interesse se transformou em revolta.

Boleira revoltada vai para onde tem futebol e sábado havia duas opções: a final da Taça Santos Dumont a a Semi-final da Taça Rio.

Meu coração balançou.

Mas tinha que decidir e minha decisão foi seguir para Volta Redonda e ver Resende X Botafogo, juntamente com Martin e Carol.

Preferi ter a oportunidade de conhecer o Estádio da Cidadania, além de poder viajar por cerca de duas horas de carro, o que dá todo um charme especial a Caravana.

Meu estômago foi outro fator importante que influenciou na escolha. No  caminho para Volta Redonda, o plano era pararmos em Piraí para almoçarmos no restaurante Rei da Traíra e comermos deliçuras do mar.

Topei.


INDO PARA VOLTA REDONDA

  Para irmos para Volta Redonda, eu e Carol, nos encontramos com  Martin, em Santa Teresa, bairro onde
o Alemão mora.

De lá de cima dava para ver o Maracanã e sua nova cobertura



Após essa olhadela fomos para Volta Redonda com uma novidade: Martin estava ao volante.

Do Rio para Volta Redonda são cerca de 1 hora e meia a duas horas de viagem. Isso, se não houver trânsito lento:




No caminho preparem R$10, 10 para pagar o pedágio da Dutra e seguir viagem.

Caso não se queira ir de carro, a opção ideal é o ônibus que pode ser pego na Rodoviária do Rio. A linha que faz o trajeto tem uma farta opção de horários tanto para ida quanto para o retorno.

Seja de ônibus ou de carro é preciso estar atento a um fato: a serra das Araras.

Um dos motivos que fez com que Carol se negasse a dirigir até Volta Redonda e que quase a fez desistir da viagem, foi justamente a Serra das Araras.

A Serra de fato é uma pista perigosa devido às suas curvas bastante sinuosas e até mesmo por seus trechos com longas retas onde muitos motoristas fazem ultrapassagens perigosas.

A Serra melhorou muito, hoje há diversos pontos com fiscalização eletrônica, mesmo assim dá medo principalmente à noite.

Tenho a impressão que grande parte dessa imagem negativa e desse medo que cerca essa estrada foi construída não apenas após os vários acidentes automobilísticos nela ocorridos.

Foi na Serra das Araras que ocorreu uma das maiores tragédias do Brasil. Em 1967, na altura de Piraí, um grande temporal provocou um enorme deslizamento que matou cerca de 1400 pessoas, muitas das quais jamais foram resgatadas dos escombros.

Sendo assim, parte da Serra é como se fosse um cemitério, o que certamente contribui para essa atmosfera sombria que alimenta nossos medos.


As curvas da Serra

Mas falemos de vida. Falemos de futebol!  E de comida!

como disse eu estava de olho grande em nossa farra gastronômica que ocorreria em Piraí:



É muuuuito fácil encontrar o Rei da Traíra, basta chegar em Piraí  ultrapassar essa bela entrada e seguir em frente. Em pouquíssimos minutos se chaga ao restaurante:



Bolinho de Tucunaré. Deliciosos!!!!

 


Após esse almoço ficamos conversando e conversando.

Depois voltamos para a estrada rumo a Volta Redonda.


Chegando em Volta Redonda, fomos à caça do estádio e não foi tão fácil achar. Inicialmente decidimos seguir um carro que tinha a bandeira do Botafogo, mas esse carro também estava pedido.



O ESTÁDIO DA CIDADANIA, ALIÁS POR QUE ESSE NOME?

Após entrar na cidade são cerca de 10 minutos até o estádio que fica em frente à Prefeitura de Volta Redonda e praticamente ao lado da CSN. Ou seja, o estádio fica em lugar central na cidade.


Essa é a Avenida Lucas Evangelista de Oliveira Franco

 Por fora o estádio não parece muito um estádio e de fato é mais do que um estádio como veremos.



:
Mas os refletores não deixam dúvida de se tratar de um estádio:



nem as arquibancadas:



A presença dos torcedores:

A calçada do estádio:




Hoje, o estádio Raulino de Oliveira é conhecido como Estádio da cidadania, denominação que ganhou após a última grande reforma pela qual passou.


O Estádio Raulino de Oliveira foi inaugurado no final da década de 1940, inaugurado em 1951. Sim, o estádio é antigo, da mesma época do Maracanã.

O estádio leva o nome do General Raulino de Oliveira na época presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)

Na década de 1970, o estádio passou por uma reforma que visava a ampliação da praça esportiva. O jogo de reinauguração foi em 1976 e foi realizado entre Volta Redonda X Botafogo. O ano de 1976 marca a fundação do clube Volta Redonda:

Botafogo entrando em campo
Fonte: http://valdirappel.blogspot.com.br/2009/02/futebol-estadios-e-ditadura.html

Volta Redonda posando para foto. Notem que Valdir Appel é o goleiro
Fonte: http://valdirappel.blogspot.com.br/2009/02/futebol-estadios-e-ditadura.html

Diversos estádios - incluindo São Januário -  foram politicamente usados. No caso do Raulino não seria diferente sobretudo se lembrarmos que se trata de um estádio que já pertenceu a CSN. No vídeo abaixo podemos ver a comemoração do dia do trabalhador realizada em plena ditadura. Essa comemoração contou com a presença do Presidente Geisel:



A maior reforma do estádio ocorreu nos anos 2000.

Há um artigo bem bacana de autoria de Gilmar Mascarenhas, geógrafo, pesquisador e professor da UERJ.
Nesse artigo Gilmar propõe que esse esforço de reformulação do estádio relaciona-se a tentativa de erguer outras formas simbólicas de se representar a cidade de Voltada Redonda:


Na história recente de Volta Redonda, quando suas ruas e praças assistiam a
imensas aglomerações de pessoas, isto significava agitação do operariado, sob forma de
passeatas, comícios e greves, em reivindicações por melhorias nas condições de trabalho.
Hoje, este grande acúmulo de pessoas, quando ocorre, ficou longe do portão central da C.S.N.
e das imediações da Praça Brasil, nos bairros Vila Santa Cecília e Laranjal, transferindo-se
para as imediações do Estádio da Cidadania, destacadamente nos bairros Nossa Senhora das
Graças e Aterrado. As aglomerações a partir de greves e movimentos sindicais deram lugar às
multidões dos jogos de futebol, no maior empreendimento dos últimos anos construído na
cidade.



O Raulino de Olievira recebeu o apelido de Estádio da Cidadania porque abriga diversos serviços voltados para o público: um pólo de ensino público superior à distância (CEDERJ) cujas salas ficam sob as arquibancadas; uma academia de ginástica para a terceira idade e para deficientes físicos; uma Policlínica; isso tudo entre outros serviços. 

Essa denominação Estádio da Cidadania não é oficial, mas foi plenamente incorporada a simbologia do Raulino:


No estádio há várias salas com oferta de serviços




O banheiro estava em bom estado pelo menos do lado onde fiquei.

Onde fiquei?

Nas arquibancadas da torcida do Resende.


A TORCIDA E O JOGO

Somente o setor Laranja foi destinado aos torcedores do Resende.

Os poucos torcedores do Resende estenderam suas bandeiras que tinham o herói Volverine como personagem principal:



À torcida do Botafogo foram destinados os setores azul, amarelo e verde e as cadeiras brancas e azul serviram como um setor misto. 

Do outro lado foi onde a torcida do Botafogo mais se concentrou. 

Foram colocados à venda 14600 ingressos e somando as gratuidades foram 18 mil ingressos ao total postos à disposição, sendo que 12.167 pertenciam ao Botafogo.

Ao total havia cerca de 7000 mil pessoas presentes no estádio. Um público que poderíamos chamar de razoável. 

O JOGO

Para começar, não foi fácil entrar no estádio. Dei voltas e voltas para trocar o ingresso que havia comprado na Internet:



Tenho a impressão de que os gestores do futebol não se esforçam para facilitar a vida dos torcedores, mesmo quando esses torcedores optam por comprar seus ingressos antecipados.

A compra pela internet se mostrou uma perda de tempo. A burocracia na retirada do ingresso foi imensa. Primeiramente a sala de retirada estava fechada, o que nos forçou a procurar algum responsável. Após cerca de 10 minutos fui atendida, então começou outro calvário: para que o ingresso fosse impresso foi necessário uma série de procedimentos - aos quais não vi - que culminaram com minha assinatura no comprovante de compra.

Seria muito mais fácil comprar direto na bilheteria. Entretanto corria o risco de enfrentar uma enorme fila. Não quis correr esse risco, mas de nada adiantou.

Após esse breve estresse, entramos no estádio.



As cadeiras do antigo Maracanã







 


A torcida do Resende sequer teve tempo de se entusiasmar. Logo no início do jogo saiu um gol do Botafogo, depois veio outro e outro....

O jogo ficou tedioso:



Impressionava a diferença técnica entre os times. Embora eu achasse que de fato o Botafogo ganharia o jogo, confesso que esperava maior resistência do Resende. O que se viu foi o contrário, um time perdido, acanhado e que não mostrava força alguma de reação.

O Resende foi fundado em 1909! mas nesses mais de 100 anos de existência, o clube não conseguiu e a estrutura do futebol contemporâneo não ajudou na tarefa de montar uma um time forte e competitivo. 

Ao final Botafogo 4  e Resende 0.

Não chegamos a ver o final do jogo. Não é de nosso costume, mas como já era tarde e ainda tínhamos muita estrada pela frente preferimos ir embora antes do término do jogo.

Assim me despedi do estádio.

Fui até os bandeirões:





E depois fiz pose:


Fomos embora então:



Semana que vem tem mais.


Um comentário: