segunda-feira, 29 de abril de 2013

MAIS UMA VIAGEM: BOTAFOGO X RESENDE

Sábado, dia 27 de abril, o Maracanã após cerca de dois anos voltou a receber um jogo de futebol.

Um jogo não oficial realizado entre os amigos do ex-jogador Ronaldo x os amigos do ex-jogador Bebeto.

Na plateia estavam dezenas de operários que trabalharam na construção do Novo Maracanã.

O Maraca assim passou a ser chamado: Novo Maracanã.

Ainda preciso refletir com mais atenção sobre esse nome e toda simbologia que o envolve.

Reflexão esta que necessita de uma visita ao estádio que espero realizar no jogo do Brasil contra a Inglaterra.

Por enquanto o que posso dizer é que do lado de fora, o Maracanã parece um imenso canteiro de obras e que o jogo de sábado não me provocou interesse:



Olhando a "escalação" dos times e vendo que o preparador físico Marcio Atala jogaria, aí minha falta de interesse se transformou em revolta.

Boleira revoltada vai para onde tem futebol e sábado havia duas opções: a final da Taça Santos Dumont a a Semi-final da Taça Rio.

Meu coração balançou.

Mas tinha que decidir e minha decisão foi seguir para Volta Redonda e ver Resende X Botafogo, juntamente com Martin e Carol.

Preferi ter a oportunidade de conhecer o Estádio da Cidadania, além de poder viajar por cerca de duas horas de carro, o que dá todo um charme especial a Caravana.

Meu estômago foi outro fator importante que influenciou na escolha. No  caminho para Volta Redonda, o plano era pararmos em Piraí para almoçarmos no restaurante Rei da Traíra e comermos deliçuras do mar.

Topei.


INDO PARA VOLTA REDONDA

  Para irmos para Volta Redonda, eu e Carol, nos encontramos com  Martin, em Santa Teresa, bairro onde
o Alemão mora.

De lá de cima dava para ver o Maracanã e sua nova cobertura



Após essa olhadela fomos para Volta Redonda com uma novidade: Martin estava ao volante.

Do Rio para Volta Redonda são cerca de 1 hora e meia a duas horas de viagem. Isso, se não houver trânsito lento:




No caminho preparem R$10, 10 para pagar o pedágio da Dutra e seguir viagem.

Caso não se queira ir de carro, a opção ideal é o ônibus que pode ser pego na Rodoviária do Rio. A linha que faz o trajeto tem uma farta opção de horários tanto para ida quanto para o retorno.

Seja de ônibus ou de carro é preciso estar atento a um fato: a serra das Araras.

Um dos motivos que fez com que Carol se negasse a dirigir até Volta Redonda e que quase a fez desistir da viagem, foi justamente a Serra das Araras.

A Serra de fato é uma pista perigosa devido às suas curvas bastante sinuosas e até mesmo por seus trechos com longas retas onde muitos motoristas fazem ultrapassagens perigosas.

A Serra melhorou muito, hoje há diversos pontos com fiscalização eletrônica, mesmo assim dá medo principalmente à noite.

Tenho a impressão que grande parte dessa imagem negativa e desse medo que cerca essa estrada foi construída não apenas após os vários acidentes automobilísticos nela ocorridos.

Foi na Serra das Araras que ocorreu uma das maiores tragédias do Brasil. Em 1967, na altura de Piraí, um grande temporal provocou um enorme deslizamento que matou cerca de 1400 pessoas, muitas das quais jamais foram resgatadas dos escombros.

Sendo assim, parte da Serra é como se fosse um cemitério, o que certamente contribui para essa atmosfera sombria que alimenta nossos medos.


As curvas da Serra

Mas falemos de vida. Falemos de futebol!  E de comida!

como disse eu estava de olho grande em nossa farra gastronômica que ocorreria em Piraí:



É muuuuito fácil encontrar o Rei da Traíra, basta chegar em Piraí  ultrapassar essa bela entrada e seguir em frente. Em pouquíssimos minutos se chaga ao restaurante:



Bolinho de Tucunaré. Deliciosos!!!!

 


Após esse almoço ficamos conversando e conversando.

Depois voltamos para a estrada rumo a Volta Redonda.


Chegando em Volta Redonda, fomos à caça do estádio e não foi tão fácil achar. Inicialmente decidimos seguir um carro que tinha a bandeira do Botafogo, mas esse carro também estava pedido.



O ESTÁDIO DA CIDADANIA, ALIÁS POR QUE ESSE NOME?

Após entrar na cidade são cerca de 10 minutos até o estádio que fica em frente à Prefeitura de Volta Redonda e praticamente ao lado da CSN. Ou seja, o estádio fica em lugar central na cidade.


Essa é a Avenida Lucas Evangelista de Oliveira Franco

 Por fora o estádio não parece muito um estádio e de fato é mais do que um estádio como veremos.



:
Mas os refletores não deixam dúvida de se tratar de um estádio:



nem as arquibancadas:



A presença dos torcedores:

A calçada do estádio:




Hoje, o estádio Raulino de Oliveira é conhecido como Estádio da cidadania, denominação que ganhou após a última grande reforma pela qual passou.


O Estádio Raulino de Oliveira foi inaugurado no final da década de 1940, inaugurado em 1951. Sim, o estádio é antigo, da mesma época do Maracanã.

O estádio leva o nome do General Raulino de Oliveira na época presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)

Na década de 1970, o estádio passou por uma reforma que visava a ampliação da praça esportiva. O jogo de reinauguração foi em 1976 e foi realizado entre Volta Redonda X Botafogo. O ano de 1976 marca a fundação do clube Volta Redonda:

Botafogo entrando em campo
Fonte: http://valdirappel.blogspot.com.br/2009/02/futebol-estadios-e-ditadura.html

Volta Redonda posando para foto. Notem que Valdir Appel é o goleiro
Fonte: http://valdirappel.blogspot.com.br/2009/02/futebol-estadios-e-ditadura.html

Diversos estádios - incluindo São Januário -  foram politicamente usados. No caso do Raulino não seria diferente sobretudo se lembrarmos que se trata de um estádio que já pertenceu a CSN. No vídeo abaixo podemos ver a comemoração do dia do trabalhador realizada em plena ditadura. Essa comemoração contou com a presença do Presidente Geisel:



A maior reforma do estádio ocorreu nos anos 2000.

Há um artigo bem bacana de autoria de Gilmar Mascarenhas, geógrafo, pesquisador e professor da UERJ.
Nesse artigo Gilmar propõe que esse esforço de reformulação do estádio relaciona-se a tentativa de erguer outras formas simbólicas de se representar a cidade de Voltada Redonda:


Na história recente de Volta Redonda, quando suas ruas e praças assistiam a
imensas aglomerações de pessoas, isto significava agitação do operariado, sob forma de
passeatas, comícios e greves, em reivindicações por melhorias nas condições de trabalho.
Hoje, este grande acúmulo de pessoas, quando ocorre, ficou longe do portão central da C.S.N.
e das imediações da Praça Brasil, nos bairros Vila Santa Cecília e Laranjal, transferindo-se
para as imediações do Estádio da Cidadania, destacadamente nos bairros Nossa Senhora das
Graças e Aterrado. As aglomerações a partir de greves e movimentos sindicais deram lugar às
multidões dos jogos de futebol, no maior empreendimento dos últimos anos construído na
cidade.



O Raulino de Olievira recebeu o apelido de Estádio da Cidadania porque abriga diversos serviços voltados para o público: um pólo de ensino público superior à distância (CEDERJ) cujas salas ficam sob as arquibancadas; uma academia de ginástica para a terceira idade e para deficientes físicos; uma Policlínica; isso tudo entre outros serviços. 

Essa denominação Estádio da Cidadania não é oficial, mas foi plenamente incorporada a simbologia do Raulino:


No estádio há várias salas com oferta de serviços




O banheiro estava em bom estado pelo menos do lado onde fiquei.

Onde fiquei?

Nas arquibancadas da torcida do Resende.


A TORCIDA E O JOGO

Somente o setor Laranja foi destinado aos torcedores do Resende.

Os poucos torcedores do Resende estenderam suas bandeiras que tinham o herói Volverine como personagem principal:



À torcida do Botafogo foram destinados os setores azul, amarelo e verde e as cadeiras brancas e azul serviram como um setor misto. 

Do outro lado foi onde a torcida do Botafogo mais se concentrou. 

Foram colocados à venda 14600 ingressos e somando as gratuidades foram 18 mil ingressos ao total postos à disposição, sendo que 12.167 pertenciam ao Botafogo.

Ao total havia cerca de 7000 mil pessoas presentes no estádio. Um público que poderíamos chamar de razoável. 

O JOGO

Para começar, não foi fácil entrar no estádio. Dei voltas e voltas para trocar o ingresso que havia comprado na Internet:



Tenho a impressão de que os gestores do futebol não se esforçam para facilitar a vida dos torcedores, mesmo quando esses torcedores optam por comprar seus ingressos antecipados.

A compra pela internet se mostrou uma perda de tempo. A burocracia na retirada do ingresso foi imensa. Primeiramente a sala de retirada estava fechada, o que nos forçou a procurar algum responsável. Após cerca de 10 minutos fui atendida, então começou outro calvário: para que o ingresso fosse impresso foi necessário uma série de procedimentos - aos quais não vi - que culminaram com minha assinatura no comprovante de compra.

Seria muito mais fácil comprar direto na bilheteria. Entretanto corria o risco de enfrentar uma enorme fila. Não quis correr esse risco, mas de nada adiantou.

Após esse breve estresse, entramos no estádio.



As cadeiras do antigo Maracanã







 


A torcida do Resende sequer teve tempo de se entusiasmar. Logo no início do jogo saiu um gol do Botafogo, depois veio outro e outro....

O jogo ficou tedioso:



Impressionava a diferença técnica entre os times. Embora eu achasse que de fato o Botafogo ganharia o jogo, confesso que esperava maior resistência do Resende. O que se viu foi o contrário, um time perdido, acanhado e que não mostrava força alguma de reação.

O Resende foi fundado em 1909! mas nesses mais de 100 anos de existência, o clube não conseguiu e a estrutura do futebol contemporâneo não ajudou na tarefa de montar uma um time forte e competitivo. 

Ao final Botafogo 4  e Resende 0.

Não chegamos a ver o final do jogo. Não é de nosso costume, mas como já era tarde e ainda tínhamos muita estrada pela frente preferimos ir embora antes do término do jogo.

Assim me despedi do estádio.

Fui até os bandeirões:





E depois fiz pose:


Fomos embora então:



Semana que vem tem mais.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

MAIS ESPORTE NOS EUA:


“Thats all I have”
               Por Luiz Guilherme Burlamaqui, ou melhor, Lugui

            Sentado num banco de praça em frente à Universidade de Santa Clara, eu esperava pelo início da partida de futebol entre o San Jose Earthquakes e o Vancouver Whitecaps. Mastigava um sanduíche frio de peru com presunto, quando um senhor, não muito idoso, branco, de bigode, relativamente acima do peso, completamente calvo, se aproximou: “Change, sir?” Antes que eu pudesse dizer não, completamente embriagado, o senhor sentou-se ao meu lado e começou, com uma riqueza de detalhes que misturavam a loucura com uma vida fascinante.  “Eu moro ali, logo ali, atrás daquele carro. Sabe? Há dias que eu não tomo banho. Antigamente, eu podia tomar banho na casa de um amigo meu, todas as terças, quintas e sábados, mas agora a namorada dele descobriu e não deixa mais eu ir lá. Senhor (Lord), tudo que eu queria era um banho”. Neste momento, disse a ele que vinha do Brasil, ele replicou falando que trabalhou no hotel da seleção brasileira, em 1994, o que é bastante verossímil já que, de fato, a seleção ficara hospedada ali perto, em Palo Alto. Falei o nome dos jogadores, e disse que ia ao jogo. Ele retrucou dizendo que “tudo que queria ir ao jogo e que gostaria muito de me mostrar uma coisa”. Dave, assim ele se chamava, tinha uma surpresa para mim: embrulhada em jornais velhos, programas de jogo da temporada passada, fedendo a mofo, era a camisa número 10, que Landon Donovan, jogador dos Los Angeles Galaxy e capitão da seleção americana, havia vestido em tempos do San Jose. “Roubei do vestiário, e nunca lavei”, exclamou, misturando orgulho e vergonha. “Oh, man. Eu só estou te mostrando isso porque é tudo o que tenho. Eu só tenho isso, e nada mais. Ofereceram-me duzentos dólares pela camisa, mas eu não aceitei”.


 
            Dentro do “Buck Shaw Stadium”, o que se vê, no interior da logica do espetáculo é a participação e o engajamento dos fãs. Numa das tantas promoções que já descrevi; o locutor perguntou a uma menininha (mais ou menos dos seus oito anos-doze anos) há quanto tempo ela torcia pelo “Quakes”. “Since foreeever”, respondeu com um grito estridente. Como aqui, a força dos laços entre torcedores e clubes é inquebrantável. De toda a forma, a menina podia torcer pelo clube desde sempre, mas, à saída do estádio, os torcedores um pouco mais velhos, encontrando seus adversários canadenses, começaram a se perguntar por que eles ficaram sem futebol por tanto tempo. “O Clash foi para Houston. Foi isso que aconteceu”. Sem querer estragar as memórias alheias, nada disse, mas, cá entre nós, o que aconteceu, pura e simplesmente, é que a Liga Norte-Americana foi à falência nos Estados Unidos, com o país paralisado quase por uma década sem futebol profissional. É digno de nota, aliás, a dificuldade dos torcedores em aceitar o resultado de “empate” do jogo. “É tão frustrante o empate. Deveriam fazer como o Hockey”, disse um, “e jogar um shootout”. (quando o jogador sai do meio de campo para tentar fazer o gol, se a partida termina em empate). “Ou podiam fazer como no baseball”, emendou o outro, “e jogar até alguém marcar primeiro”. À antítese dos rituais descritos por Lévi-Strauss nas páginas iniciais do “Pensamento Selvagem” em que se joga para celebrar a equidade entre as metades da tribo; os esportes não podem, aqui, em nenhuma hipótese, reforçar a igualdade.

Ainda assim, se o futebol esse esporte sem história e sem tradição mobiliza identidades, o que podemos dizer do baseball? No caso do baseball é tal o entrelaçamento entre a vida pública e a vida privada, que um jornalista observou que o ato de abrir um álbum de baseball velho é como abrir um álbum privado das próprias famílias norte-americanas. No século XX, nos dois piores momentos da história dos Estados Unidos – a Grande Depressão e a II Guerra Mundial – o baseball continuou com seus campeonatos como uma mensagem às pessoas de que tudo estava “normal”, e “muito bem”.  Há uma frase, na adaptação norte-americana do livro “Febre de Bola”, de Nick Horby, que expressa relativamente muito bem essa percepção (cito de memória): “Sabe o que eu amo sobre os Red Sox: chova ou faça sol, eles sempre estão lá”. Milhares de calendários são distribuídos aos torcedores nas entradas dos jogos com a programação completa até o final do ano. De forma ampliada, é essa ideia de “rotina”, de um “tempo cíclico esportivo”, de um “calendário” (“schedule”) que dita o ritmo do campo esportivo norte-americano. No inverno; futebol; na primavera, baseball. E assim sucessivamente. Essa sensação, que experimentamos de quatro em quatro anos, com a Copa do Mundo, é vivenciada cotidianamente no caso dos esportes americanos: há jogos, e digo sem exagero, toda a hora todo o dia. Em plena quarta-feira, fui assistir à partida do Giants às 13 horas: 42 mil pessoas presentes.
Dizendo o óbvio o baseball é também a celebração das diversas narrativas sobre a nação americana. Com Clifford Geertz, poderíamos dizer que o baseball é uma daquelas tantas “histórias que os nativos gostam de contar sobre si mesmos”. No interior de uma partida, ele é capaz, ao produzir grandes jogos e grandes jogadores, mitificar certas narrativas. A história de Jackie Robinson é a dos melhores exemplos. Devido às leis de segregação racial, os negros foram, até a metade dos anos 1940, completamente excluídos do público e do plantel. Essa segregação, em lugares mais radicais, notadamente, o Sul, perduraria até meados dos anos sessenta. As Negro Leagues, que hoje foram integradas à História da Major League Baseball e com vários jogadores integrados ao Hall da Fame do Baseball, constituíram-se à parte do circuito de baseball tradicional. Com o sucesso obtido em campo, a história de Jackie Robinson, “o homem que, como nenhum outro, carregou o peso de sua raça”, é contada como o réquiem, o canto do cisne do racismo norte-americano que eles acreditam superado.  

Num sentido mais amplo poderíamos atentar para os aspectos , o hino antes do espetáculo procedimento padrão por aqui, no intervalo da sétima “entrada”, entoa-se, em muitos estádios, “God Bless America”, ou “Take me out to the ball game”, canções que fazem parte do imaginário americano. Em Boston, mais precisamente no Fenway Park, o campo mais tradicional dos esportes americanos, tem uma música toda própria: Sweet Caroline. Recentemente, por ocasião dos ataques terroristas na Maratona, a música foi adotada por todos os Estados Unidos como uma forma amainar o sofrimento dos “bostonianos”.  O reportório de alimentos também merece destaque: cachorros-quentes, hambúrgueres, sementes de girassol, cerveja, e é claro, muito refrigerante. Mas só no baseball é que se comem “peanuts”. Não é qualquer tipo de amendoim: é o amendoim bruto, que há de se descascar, num exercício difícil e ritmado, ao longo da partida de baseball.  
         Em síntese, não é possível dissociar o consumo da identidade. Neste caso, eles caminham de mãos dadas, tanto porque se consome para fazer parte, quanto é porque se faz parte que se consome. Voltando à história inicial: numa praça, aquele encontro casual entre os dois tipos ideais da “modernidade líquida”, entre o turista e o vagabundo, aquela camisa de mofo exibida com tanto orgulho, representava tanto aquilo que ele tinha quanto aquilo que ele era. Produto e produtores de uma sociedade do consumo, a lógica esportiva é o produto de uma sociedade em que é difícil separar o “have” do “be”. 
 

O ESPORTE NOS EUA, PELO CORRESPONDENTE LUGUI



Lugui, um dos participante da Carvana de boleiros que marcou presença na nossa viagem para Saquarema, desta vez viajou para os Estados Unidos.

Viajou para tirar férias e curtir um pouco de um país que gera reações diversas que vão dos fascínio a a revolta.

Mas seja como for não é possível negar que os EUA são um país onde se pode assistir e praticar uma diversidade de modalidades esportivas. Sendo assim trata-se de um local que esportivamente merece toda atenção e a análise crítica e aguçada de um pesquisador atento e refinado.

Lugui, você pode cantar por aí:

"Esse cara sou eu..."


Lugui é o cara !


Segue abaixo o primeiro texto do nosso correspondente



Sobre vossas cabeças, nuggets

                         Por Luiz Guilherme Burlamaqui, ou melhor, Lugui

                Foi o meu primeiro jogo de basquete da NBA: San Antonio Spurs contra Golden State Warriors. Era um jogo morno e para lá de chato, com ambos os times já classificados para os play-offs. Numa das inúmeras propagandas dos intervalos do jogo, a repórter anunciava o novo preço do McNuggets: Cinco dólares por um pacote com vinte. Desde o meu primeiro evento esportivo aqui (uma partida de soccer), passei a me acostumar com as propagandas e promoções absurdas que circundam o espetáculo-esportivo. “Two on the net pollo you get”, prometiam os donos da cadeia “Pollo Loco”, nas partidas de futebol. E frango para todo o estádio. “Jamba Juice is free tonite if Sandoval scores a home run”. E todos nós, fãs dos Giants, podíamos nos deliciar com um suquinho de melancia. Mas nada era como essa propaganda do Mc Donalds.

Depois de anunciar o novo preço, a locutora fez um anuncio que levou à histeria coletiva o Ginásio inteiro: “E agora, olhem para o teto, porque o Mc Donalds preparou uma baita surpresa para hoje à noite”. Parecia uma cena de um filme surrealista: naquele momento milhares de caixinhas de Mc Nuggets caíram lentamente sobre nossas cabeças, num micro paraquedas. Mais de cem caixas de nuggets. Abaixo, os torcedores, ou melhor, os “customers”, como que esperando a benção divina, se digladiavam para ver quem seria abençoada com o prêmio. Eu, para minha tristeza e, acima de tudo, fome, no setor mais barato do estádio, não pude brigar pelos nuggets: só os bem-afortunados, localizados nos lugares mais próximos à quadra e mais caros, é que seriam agraciados com tal benesse.

Nenhuma história parece resumir melhor a faceta do consumo que circunda um evento esportivo norte-americano. Por mais que persistam certos valores cardinais relativamente comuns aos valores do “pertencimento clubístico” – fidelidade, etc (“How many games you’ve been last season?”, é uma pergunta que costumo ouvir com certa frequência antes de noticiar minha brasilidade) – tais valores estão completamente subsumidos à lógica do consumo. Raramente o termo fan é utilizado, e quase sempre é substituído pelo de customer.

Fenômeno coletivo, a experiência de torcer é altamente individualizada, não há nada similar a uma torcida organizada, muito menos algo comparável ao “ir junto” ao estádio, como de hábito no Brasil. No caso do futebol, apesar dos cantos entoados por uma torcida, a sensação de estranhamento bateu forte quando, no momento do gol, não vi torcedor nenhum a se abraçar. Prestei bastante atenção: e só vi eram palmas e punhos estendidos de forma individual, sem contato com o colega do lado, mesmo se amigo, irmão, namorada, ou filha. Nos jogos de baseball, pode-se dar ao luxo de dar um “high-five” no seu colega do lado, mas isso é tudo pessoal.

Hierarquizado pelo preço, a hiperssegmentação do estádio reflete este sentimento. Existem mais de dezessete faixas de preço para comprar um ingresso, que podem variam desde oito dólares até quinhentos dólares. Salvo os “bleachers” (arquibancada, vá!), todos os lugares são rigorosamente marcados. No estádio, há atrações para todos os lados e se consome praticamente o que se quiser. Um rápido adendo: o conceito de campo esportivo tem sido, com alguma frequência, sobre utilizado para o caso brasileiro. Não há, a rigor, um campo esportivo brasileiro stricto senso porque não há praticamente “concorrência” alguma entre o futebol e os demais esportes. Aqui, os times precisam inventar milhares de estratégias de fidelização: em outras palavras precisam criar mecanismos de convencimento: “por que vou assistir baseball, se, no mesmo horário, posso acompanhar a equipe de Hockey?”. Em projeto considerado vitorioso, o próprio “dono” dos Giants disse, que, anos atrás, ao assumir um time assumiu como estratégia criar um contingente de 3, 3 milhões de fãs, mas que precisaria “tirar um pouco da atenção da cidade 49ers (time de futebol americano)”. E, essa concorrência entre os dois esportes preferidos aqui espanta porque o calendário esportivo americano é pensado tentando evitar as disputas, pois quando o baseball se inicia o futebol já se encerrou.

Esta “consciência” da concorrência faz, por exemplo, com que o San Francisco Giants, por exemplo, fideliza seus consumidores dando “prêmios” a quem chegar primeiro ao estádio. Num dos jogos que fui, ganhei um pequeno “snowglobe”, destes de filme, com a cidade de San Francisco representada no dia da vitória da World Series of Baseball. Há uma agenda até o final do ano com a lista de todos os prêmios que serão distribuídos e há mesmo para todos os gostos: eles variam numa esfera que vão desde “guarda-chuvas” até jogadores miniaturizados, passando por prêmios mais comuns como camisas, bolas, calendários, etc. Neste particular, as crianças são motivos de grande atenção no espaço do estádio: existem milhares de atividades pré-jogo destinadas a elas, com distribuição de prêmios, brindes, etc. Tudo feito ao gosto do consumidor.

Por fim, o momento sublime da estupidez do consumo (e não resisto à adjetiva-la neste texto que envio a amigos) é o momento de “aparecer no telão”. Nada faz um “consumidor” tão feliz quanto se ver na tela do estádio: são os cinco segundos de fama prometidos por Andy Wahrol, e os cinco segundos mais sublimes. Para aparecer no telão, faz-se de tudo um pouco: dança-se, fantasia-se, namora-se, etc. Há momentos destinados à fama de todo torcedor, e até mesmo este que vos missiva foi agraciado com seus cinco segundos de glória.

Espelho do mundo moderno, os esportes americanos são uma verdadeira mina de ouro para a compreensão das nossas sociedades contemporâneas cada vez mais permeadas pela lógica do consumo e pelo verniz do espetáculo. Neste mundo de bens, em que a inclusão do indivíduo passa pelo acesso ao mercado e às mercadorias, quase tudo pode ser condensado na imagem de nuggets voando sobre nossas cabeças.  




segunda-feira, 22 de abril de 2013

O futebol é ingrato: América 0 x Cabofriense 2

Ah! o América....

O América me fez lembrar do filme Moneyball e da série invicta de 20 jogos atingida pelo Oakland Athletics. 

20 jogos sem perder foi uma façanha comemorada por torcedores e dirigentes do Oakland. Mas Billy Beane, o manager do clube sabia  de que nada adiantariam aquelas 20 vitórias seguidas caso o Oakland sequer chegasse às finais da liga de Basebol. 

E de fato foi o que aconteceu. O Oakland ficou de fora das finais e de pouco valeu aquela  série invicta de jogos.

O mesmo ocorreu com o América, afinal o futebol é ingrato como já disse Jair jogador da seleção de 1950. 


Até sábado dia, 20/04, o América não sabia o que era ser derrotado na Taça Santos Dumond.

O  América seguia serelepemente invicto pela competição. 

A semifinal seria realizada em sua casa, Edson Passos, ao lado da torcida que como vimos dá um show.

Como fez melhor campanha que o adversário, bastava um empate e o América passaria para o jogo final.

O adversário do América era a Cabofriense, time que o América já havia vencido em jogo disputado lá em Cabo Frio.

Sim, o futebol está cheio de histórias desse tipo e que terminam em decepção.

Melhor campanha, jogando em casa, necessidade de empate....

Isso tudo são ingredientes básicos de derrotas que acontecem quando menos podem acontecer. 

Agora a Cabofriense fica à espera de seu adversário que vai sair do jogo Bonsucesso X Portuguesa, aquele jogo que não fui.

Parabéns a Cabofriense e uma pena para o América. O time da Região dos Lagos investiu muito na montagem do time contratando o experiente Ramon e Abedi.

Ps: Já gritei muito iiiiiiiihhhhh é Abediiiiii:

Mas, sábado foi dia de Éberson, autor dos dois gols da Cabofriense:





Ps2: Por que dizemos a Cabofriense?

Para concordar com Associação Desportiva Cabofriense.




Os sem estádio...




Desde que a Caravana começou, fiquei ansiosa para ver um jogo do Bonsucesso no estádio da Rua Teixeira de Castro.

O Bonsucesso é um patrimônio do subúrbio e do futebol carioca.

Vê-lo pela primeira vez, em um estádio, significaria uma lacuna que finalmente deixaria de existir em meu currículo futebolístico.

Esse momento foi chegando, mas problemas surgiram. O primeiro deles foi o veto ao uso do estádio de Teixeira de Castro, o que já havia ocorrido em alguns jogos do Bonsucesso neste ano.

Bonsucesso X Portuguesa foi então marcado para ser realizado na Rua Bariri.

Achei uma pena, mesmo assim passei a semana ansiosa para ver Bonsucesso X Portuguesa em jogo válido pelas semifinais do Carioca da série B.

Veria a Portuguesa em campo, o que não consegui fazer quando visitei o estádio Luso Português.

E veria o Bonsucesso time pelo qual já jogou ninguém mais, ninguém menos que Leônidas da Silva, o Diamante Negro, o homem elástico que participou e modo decisivo da ótima campanha da seleção brasileira na Copa de 1938.

Veria....

Estava tudo pronto para mais uma Caravana na Rua Bariri, até que sexta à noite, ouvi no rádio que o jogo do Olaria X Nova Iguaçu seria realizado com portões fechados na Rua Bariri.

E que o mesmo ocorreria com o jogo Bonsucesso X Portuguesa.

No sábado soube que o jogo seria adiado para quarta-feira, dia 24/04, e seria realizado no Estádio de Moça Bonita às 15h.

Assim a Ferj se pronunciou:
  
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA
RDI Nº 025/13


Marcelo Carlos Nascimento Vianna

, Diretor do Departamento de Competições da Federação

de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, no uso das atribuições estatutárias e amparado pelas
disposições do Regulamento Geral e Específico da Competição.
Considerando laudo do GPrevE recebido hoje, dia 19 de abril, pela FERJ
VETANDO a presença
de público no estádio Mourão Vieira Filho, em função da venda de ingressos, apesar do mesmo
órgão ter concedido autorização para realização de eventos com presença de público durante
todas as rodadas anteriores do Campeonato Estadual da Série A de Profissionais de 2013;
Considerando este motivo de força maior;

´
RESOLVE:

ALTERAR O LOCAL E DATA

da partida entre Bonsucesso FC e AA Portuguesa,
anteriormente designada para o dia 20 de abril, às 15 horas, pela semifinal da Taça Santos
Dumont do Campeonato Estadual da Série B de Profissionais, em razão da recomendação
prevista no documento emitido sob o nº 199/13 pelo Grupamento de Prevenção em Estádios –

GprevE

.

Assim:
Jogo: Bonsucesso FC e AA Portuguesa: PASSARÁ do dia 20.04.2013 (sábado), no Estádio

Mourão Vieira Filho (Rua Bariri),
PARA o dia 24.04.2013 (quarta-feira), no Estádio
PROLETÁRIO GUILHERME DA SILVEIRA FILHO (Moça Bonita), mantendo-se o horário
(15 horas).
Esta resolução entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.


 GPrevE significa Grupamento de Prevenção em Estádios e segundo o documento o  GPrevE não liberou o estádio para presença de público.

É interessante perceber que neste documento consta a interessante demonstração de uma certa surpresa ao veto feito pela GPrevE "apesar do mesmo órgão ter concedido autorização para realização de eventos com presença de público durante todas as rodadas anteriores do Campeonato Estadual da Série A de Profissionais de 2013(http://www.fferj.com.br/_arquivos/documentos/cb93eddb89e4f07ed8dec5b702929268.pdf)

Uma pena e um desrespeito aos que frequentam os jogos, porque esses vetos e adiamentos são feitos de um modo repentino.

O último jogo realizado na Rua Bariri havia sido no dia 07 de abril, entre Audax X Macaé, com portões abertos. 

O que teria ocorrido com o Estádio da Bariri nesses 23 dias e que justifique a necessidade de seu fechamento para o público?

Não sei.

Sei apenas que dificilmente poderei ir a um jogo realizado em uma quarta-feira às 15h.

Sei apenas que me restou levar a Caravana para outro lugar.

E foi o que fiz.

Levei a Caravana para Vila Isabel, bairro onde em breve fixarei residência. 

Lá em Vila Isabel, procuramos um bar onde pudéssemos comer, beber, assistir futebol e desabafar! 

O jogo que passava na TV era Madureira X Vasco.


MOMENTOS DE MELANCOLIA....

Vasco e eu temos MUITO em comum:

estamos perdidos 
sem dinheiro
à espera de um milagre
Alguns - nós mesmos - tememos por uma futura queda
muitos querem que a gente caia
ambos nos apegamos em sentimentos de esperança e em promessas de mudança


Mas acho que levo algumas vantagens em relação ao Vasco e uma delas é não ter Roberto Dinamite gerindo minha vida.

Sou melhor que ele.

Pensando essas coisas, passei a tarde sentada no aconchegante Bar do Costa muito bem acompanhada de Carol e Fernando, meu amigo de infância:





Notem que ao fundo passava na TV, Vasco e Madureira:



Vi o jogo tentando conciliar lamúrias do cotidiano, com comida, muita comida que se reproduzia diante de nós:



deliciosa moela de frango

Bolinho de vagem e ao fundo bolinho de feijoada, tudo regado a uma pimenta simpática e saborosa


Enquanto isso o Vasco jogava e jogava mal.....

Tão mal que perdeu o jogo, com direito a pênalti cometido por Tenório, o demolidor.

Havia outros torcedores ao nosso redor, mas acho que perdeu a graça tirar sarro de vascaínos.

Nem para isso servimos mais. 

.....

Mesmo cheia de amargura resolvi comprar um desses fofos pandeirinhos que enfeitava o pescoço desse vendedor:

devia ter perguntado o nome dele....
Mas eis que o único pandeirinho do Vasco que tinha à venda estava quebrado:

não dá para ver, mas o pandeirinho estava quebrado na pontinha e de quebrado já chega o time



Comprei então o do América.

Ahhhh o América.....

Após jogos e jogos de invencibilidade, perdeu para a Cabofriense e está fora da decisão da Taça Santos Dumond.

É acho que não estou numa boa fase de torcedora...

Então Fernando, obrigada pelo presente. Sei que não é educado, mas vou deixar o presente embrulhado, por enquanto:


Até a próxima Caravana.