terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Los Darseneros: Club Atlético River Plate




Saindo do Estádio do Wanderers fui à procura do vizinho River Plate.


River Plate é um nome de time razoavelmente comum no futebol. Só no Brasil temos River Plate em Sergipe, assim como no Piauí e é bastante provável que ambos façam referência ao clube argentino que, em 2015, foi o Campeão da Libertadores.

O River Plate de Montevidéu não me parece ser o caso, pois pelo pouco que pude descobrir esse nome foi herdado de um outro River Plate, mas um conterrâneo, fundado em Montevidéu, em 1897 - 4 anos antes do Argentino - e extinto em 1925.


Teremos na Libertadores de 2016 dois Rivers Plate, o Argentino e o Uruguaio cuja história, assim como a visitação que fiz ao seu estádio falaremos de agora em diante.




Club Atlético River Plate


Falamos do Wanderers e agora é a vez do River Plate, vizinhos que compartilham a bela paisagem do bairro do Prado e que possuem em comum o nome de origem inglesa. No caso do Wanderers, a inspiração veio de uma viagem de seus fundadores à Inglaterra. Já o River tem história mais longa e para mencioná-la é importante primeiro tentar montar, brevemente, como foi seu nascimento que se deu a partir da fusão de dois outros clubes, incluindo uma homenagem a um terceiro.


Parece complicado, mas nem tanto assim. O Club Atlético River Plate foi fundado em 1932 após a fusão do Olímpia Football Club (1922) com o Club Atlético Capurro (1914)






O resultado dessa união foi nomeado Club Atlético River Plate em homenagem ao River Plate Fútbol Club, fundado em 1897, e  que foi um clube vencedor da época amadora do futebol uruguaio e que havia fechado as portas em 1925.

Escudo do River Plate Fútbol Club

River Plate Fútbol Club, 1914. Fonte: http://gottfriedfuchs.blogspot.com.br/2012/12/the-uruguayan-association-football.html


Além do nome, também herdou o apelido Darsenero, já que o antigo River era um clube ligado a zona portuária.



Foto minha


O River Plate tem uma modesta trajetória futebolística no Uruguai, sendo campeão de algumas edições da segunda divisão, mas nunca da primeira.


Como terceiro melhor pontuador do Campeonato Uruguaio 2014/2015, o River Plate participará da Copa Libertadores, em 2016, e terá a oportunidade de quem sabe conseguir seu primeiro título internacional, o que não será nada fácil, dada as dificuldades que o clube enfrenta.


O River esteve aqui no Brasil, há quatro anos atrás para disputar um amistoso contra a seleção piauiense, no estádio Albertão, em Teresina. O River venceu a partida por 1 x 0.



Fonte: http://www.portalodia.com/noticias/esporte/river-plate-do-uruguai-derrota-selecao-do-piaui-no-albertao-145432.html





Fonte:http://www.portalodia.com/noticias/esporte/river-plate-do-uruguai-derrota-selecao-do-piaui-no-albertao-145432.html

Quem sabe pela Libertadores, o River volte ao Brasil.



ESTÁDIO PARQUE FEDERICO SAROLDI

Olimpia Park era o antigo nome do Parque Federico Saroldi que somente passou a assim ser chamado após uma trágica história.

Federico Saroldi foi o primeiro goleiro do River Plate e durante sua primeira partida disputada contra o Central, pelo Campeonato Uruguaio de 1932, sofreu um forte golpe na cabeça. Federico continuou a jogar, indo até o final da partida vencida pelo River. Porém, no mesmo dia foi internado e faleceu.

Chocados com o acontecimento os dirigentes do River resolveram homenagear o goleiro e no lugar de Olimpia Park – pois pertencia ao Olimpia Football Club -, o estádio passou a se chamar Parque Federico Saroldi.

E foi lá que estive




Esse foi o terceiro estádio vazio por mim visitado. E assim como ocorreu com o do Wanderers, são diversos, os desenhos e inscrições sobre os muros e árvores ao redor do estádio, incluindo a de torcedores adversários como é caso do Liverpool 






Mas depois começaram as inscrições dos darseneros








Caminhando fui me aproximando da entrada do clube e assim como no Wanderers, algumas camisas e uniformes dos jogadores secavam ao sol




Cheguei a entrada principal do clube cuja sede estava fechada e com um cartaz que avisava que somente a partir das 14h30 voltaria a abrir. Meu relógio marcava 12h30, sendo que eu estava desde cedo na rua e, portanto, me pareceu uma eternidade ter que esperar por duas horas.





Mas de fosse preciso eu esperaria, afinal não é sempre que se vai ao Uruguai.

Porém, andando mais um pouco vi que havia um portão aberto por onde entravam e saiam carros, assim como pessoas, incluindo alguns jogadores ainda segurando as chuteiras do treino









Sentei em um banco de cimento, ao lado de um pequeno campo de treino e de frente para as arquibancadas do estádio. Era como se eu estivesse dentro de um parque e de fato estava.


O River Plate me pareceu ser uma espécie de espelho do Uruguai, lugar onde é possível ficar à vontade, sem sensações de opressão. Há uma atmosfera de liberdade no Uruguai que pode ser sentida, sobretudo, nos inúmeros parques que cercam a cidade, onde se pode deitar ou ficar sentado em seus bancos, olhando para o nada.

Durante alguns minutos, eu fiquei assim, sentada em um banco, observando as movimentações ao redor.


Ao fundo vi gente reunida conversando ao redor de uma mesa. Pareciam ser funcionários do clube em horário de almoço. Atrás de todos, era possível avistar o restante das arquibancadas do estádio e para chegar lá bastava atravessar um outro portão de ferro que, também, estava aberto.

Me aproximei com um mapa na mão e logo veio um senhor que perguntou se eu estava perdida. Respondi "Buenas tardes" ... e disse que era brasileira, apaixonada por futebol e que queria muito conhecer o estádio do River. Ele prontamente falou: fique à vontade.

Atravessei o segundo portão, cumprimentei as pessoas que ali estavam reunidas e comecei a bisbilhotar as arquibancadas. Então, o senhor que havia me recebido voltou para falar novamente comigo. Com um bom português, ele comentou que o futebol uruguaio tem passado por muitas dificuldades nos últimos anos e que o River Plate sofria bastante com essa crise já que era um clube cujos recursos financeiros eram pequenos. 

Depois, despediu-se, repetindo a frase mágica: fique à vontade, o que incluía o auge de poder pisar o gramado.

Então comecei a fotografar …..





















Estádios vazios convocam a memória e a imaginação. No caso do Saroldi fiquei imaginando uma tarde de jogo naquele lugar bucólico e tive vontade de ficar no Uruguai à espera desse momento.

Mas a realidade era outra e eu precisava sair correndo já que ainda faltava visitar o Centenário e eu ainda nem sabia como sair do Prado. 





Era hora de calçar meus sapatos novamente. 















Nenhum comentário:

Postar um comentário