Saindo
do Estádio do Wanderers fui à procura do vizinho River Plate.
River
Plate é um nome de time razoavelmente comum no futebol. Só no
Brasil temos River Plate em Sergipe, assim como no Piauí e é bastante provável
que ambos façam referência ao clube argentino que, em 2015, foi o
Campeão da Libertadores.
O
River Plate de Montevidéu não me parece ser o caso, pois pelo pouco
que pude descobrir esse nome foi herdado de um outro River
Plate, mas um conterrâneo, fundado em Montevidéu, em 1897 - 4 anos
antes do Argentino - e extinto em 1925.
Teremos na
Libertadores de 2016 dois Rivers Plate, o Argentino e o Uruguaio cuja
história, assim como a visitação que fiz ao seu estádio falaremos de
agora em diante.
Club Atlético River Plate
Falamos
do Wanderers e agora é a vez do River Plate, vizinhos que
compartilham a bela paisagem do bairro do Prado e que possuem em
comum o nome de origem inglesa. No caso do Wanderers, a inspiração
veio de uma viagem de seus fundadores à Inglaterra. Já o River tem
história mais longa e para mencioná-la é importante primeiro
tentar montar, brevemente, como foi seu nascimento que se deu a partir
da fusão de dois outros clubes, incluindo uma homenagem a um terceiro.
Parece
complicado, mas nem tanto assim. O Club Atlético River Plate foi
fundado em 1932 após a fusão do Olímpia Football Club (1922) com o Club Atlético Capurro (1914)
O resultado dessa união foi nomeado Club Atlético River Plate em homenagem ao River Plate
Fútbol Club, fundado em 1897, e que foi um clube vencedor da época
amadora do futebol uruguaio e que havia fechado as portas em 1925.
Escudo do River Plate Fútbol Club |
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Além
do nome, também herdou o apelido Darsenero, já que o antigo River
era um clube ligado a zona portuária.
Foto minha |
O River Plate tem uma modesta trajetória futebolística no Uruguai,
sendo campeão de algumas edições da segunda divisão, mas nunca da
primeira.
Como terceiro melhor pontuador do Campeonato Uruguaio 2014/2015, o
River Plate participará da Copa Libertadores, em 2016, e terá a oportunidade de quem sabe conseguir seu primeiro
título internacional, o que não será nada fácil, dada as
dificuldades que o clube enfrenta.
O River esteve aqui no Brasil, há quatro anos atrás para disputar um amistoso contra a seleção piauiense, no estádio Albertão, em Teresina. O River venceu a partida por 1 x 0.
Fonte: http://www.portalodia.com/noticias/esporte/river-plate-do-uruguai-derrota-selecao-do-piaui-no-albertao-145432.html |
Fonte:http://www.portalodia.com/noticias/esporte/river-plate-do-uruguai-derrota-selecao-do-piaui-no-albertao-145432.html |
Quem sabe pela Libertadores, o River volte ao Brasil.
ESTÁDIO
PARQUE FEDERICO SAROLDI
Olimpia
Park era o antigo nome do Parque Federico Saroldi que somente passou
a assim ser chamado após uma trágica história.
Federico
Saroldi foi o primeiro goleiro do River Plate e durante sua primeira
partida disputada contra o Central, pelo Campeonato Uruguaio de 1932,
sofreu um forte golpe na
cabeça. Federico continuou a jogar, indo até o final da partida
vencida pelo River. Porém, no mesmo dia foi internado e faleceu.
Chocados
com o acontecimento os dirigentes do River resolveram homenagear o
goleiro e no lugar de Olimpia Park – pois pertencia ao Olimpia
Football Club -, o estádio passou a se chamar Parque Federico
Saroldi.
E foi lá que estive
Esse
foi o terceiro estádio vazio por mim visitado. E assim como ocorreu
com o do Wanderers, são diversos, os desenhos e
inscrições sobre os muros e árvores ao redor do estádio, incluindo a de torcedores adversários como é caso do Liverpool
Mas depois começaram as inscrições dos darseneros
Caminhando fui me aproximando da entrada do clube e assim como no Wanderers, algumas camisas e uniformes dos jogadores secavam ao sol
Cheguei a entrada principal do clube cuja sede estava fechada e com um cartaz que avisava que somente a partir das 14h30 voltaria a abrir. Meu relógio marcava 12h30, sendo que eu estava desde cedo na rua e, portanto, me pareceu uma eternidade ter que esperar por duas horas.
Mas de fosse preciso eu esperaria, afinal não é sempre que se vai ao Uruguai.
Porém, andando mais um pouco vi que havia um portão aberto por onde entravam e saiam carros, assim como pessoas, incluindo alguns jogadores ainda segurando as chuteiras do treino
Sentei em um banco de cimento, ao lado de um pequeno campo de treino e de frente para as arquibancadas do estádio. Era como se eu estivesse dentro de um parque e de fato estava.
O River Plate me pareceu ser uma espécie de espelho do Uruguai, lugar onde é possível ficar à vontade, sem sensações de opressão. Há uma atmosfera de liberdade no Uruguai que pode ser sentida, sobretudo, nos inúmeros parques que cercam a cidade, onde se pode deitar ou ficar sentado em seus bancos, olhando para o nada.
Durante
alguns minutos, eu fiquei assim, sentada em um banco, observando as movimentações ao redor.
Ao fundo vi gente reunida conversando ao redor de
uma mesa. Pareciam ser funcionários do clube em horário de almoço.
Atrás de todos, era possível avistar o restante das arquibancadas do estádio e
para chegar lá bastava atravessar um outro portão de ferro que, também, estava aberto.
Me
aproximei com um mapa na mão e logo veio um senhor que perguntou se
eu estava perdida. Respondi "Buenas tardes" ... e disse que era brasileira, apaixonada
por futebol e que queria muito conhecer o estádio do River. Ele
prontamente falou: fique à vontade.
Atravessei
o segundo portão, cumprimentei as pessoas que ali estavam reunidas e
comecei a bisbilhotar as arquibancadas. Então, o senhor que havia me
recebido voltou para falar novamente comigo. Com um bom português, ele
comentou que o futebol uruguaio tem passado por muitas dificuldades
nos últimos anos e que o River Plate sofria bastante com essa crise já que era um clube cujos recursos financeiros eram pequenos.
Depois, despediu-se, repetindo a
frase mágica: fique à vontade, o que incluía o auge de poder pisar o gramado.
Então
comecei a fotografar …..
Estádios vazios convocam a memória e a imaginação. No caso do Saroldi fiquei imaginando uma tarde de jogo naquele lugar bucólico e tive vontade de ficar no Uruguai à espera desse momento.
Mas a realidade era outra e eu precisava sair correndo já que ainda faltava visitar o Centenário e eu ainda nem sabia como sair do Prado.
Era hora de calçar meus sapatos novamente.
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