HÁ JOGOS QUE DEVERIAM SER DE GRAÇA: VASCO 2 X GREMIO 3

Há muitos acadêmicos competentes que já falaram sobre a história do Vasco da Gama, clube que completará 115 anos no próximo dia 21 de agosto.


Falar sobre a história do Vasco requer falar sobre um dos mais importantes momentos da trajetória do futebol no Brasil, momento de profundas transformações no mundo futebolístico.


Há alguns ótimos trabalhos que podem ser consultados sobre o Vasco, especialmente sobre seu importante papel na história do futebol brasileiro, na década de 1920.

Indico dois:  

Revolução Vascaína: a profissionalização do futebol e inserção sócio-econômica de negros e portugueses na cidade do Rio de Janeiro (1915-1934) de João Manuel Casquinha Malaia Santos (Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-26102010-115906/pt-br.php)

Jogadas Insólitas: Amadorismo e Processo de Profissionalização no Futebol

Carioca. (1922-1924) de  Hugo da Silva Moraes (Disponível em: http://www.historia.uff.br/nepess/arquivos/hugomoraesdissert.pdf)


Em ambas as produções acadêmicas há valiosas análises e informações históricas sobre o Vasco da Gama especialmente no que diz respeito ao fundamental ano de 1923 quando o time formado por jogadores pobres e operários foi campeão da 1a Divisão da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT).


Vasco 3 x São Cristóvão 2, jogo que o time cruzmaltino começou perdendo por 2 a 0, mas que virou e tornou-se campeão.

Ahhhhh bons tempos.

Esse jogo também foi realizado em Agosto, dia 12, e marca a primeira vez em que um time vindo do subúrbio - vinculado a colônia Portuguesa, portanto, alvo de muitos preconceitos e chacotas - conseguiu o título de uma Liga formada por clubes da elite da cidade do Rio de Janeiro.

Esse time é conhecido como os Camisas Negras

Fonte: http://albumdocrvascodagama.blogspot.com.br/2009/05/vasco-da-gama-1923_20.html

(fonte:http://torcidasdovasco.blogspot.com.br/2011/06/times-do-vasco-decada-de-20.html)


Uma das grandes inovações do Vasco foi investir na profissionalização dos jogadores e não mais no amadorismo que até então era prática comum nos grandes clubes. 

O Vasco pagava a seus jogadores

Mas como disse, não vou me deter tanto na história do Vasco que aliás antecede e vai além a 1923.

Meu foco será o Estádio de São Januário hoje e amanhã.

É além disso falarei brevemente do jogo que se realizou entre os cruzmaltinos e o Grêmio. Jogo que me causou profundo espanto. Saí de São Januário com uma forte impressão e uma certeza

IMPRESSÃO: HÁ JOGOS QUE DEVERIAM SER DE GRAÇA

CERTEZA: NÃO SE COMEMORA ANIVERSÁRIO COM ANTECEDÊNCIA

 

SÃO JANUÁRIO, MEU CALDEIRÃO

São Januário é algo que de fato os vascaínos podem chamar de casa. Digo isso não apenas porque torço para o Vasco ou porque frequento o estádio, mas pela história do estádio, por sua representatividade entre os torcedores.

Há diversos produtos licenciados do Vasco e que tem São Januário como garoto propaganda: camisa, caneta, maquete

E há algumas músicas cantadas pela torcida e que são sobre São Januário ou São Janu, como costumamos chamar

Seria interessante saber quantos estádios são citados em músicas de torcedores.

No Rio de Janeiro lembro de imediato de dois: Maracanã e São Januário. 

Temos dois bons exemplos:

"vou torcer pro Vasco ser campeão

São Januário meu caldeirão"... 

Esse aí é o mais conhecido de todos.

Mas temos uma belíssima música sobre os Camisa Negras, nela São Januário é referencial

"Eu vou torcer 

Aqui eu ergui meu templo para vencer 

Eu já lutei por negros e operários 

Te enfrentei, venci, fiz São Januário 

Camisas Negras que guardo na memória 

Glória, lutas, vitórias esta é minha história 

Que honra ser 

Saiba eu sou vascaíno, muito prazer 

Jamais terás a cruz, este é meu batismo 

Eu tive que lutar contra o teu racismo 

Veja como é grande meu sentimento 

E por amor ergui este monumento.."

Casa tem um importante significado sociológico no Brasil.

Sao Januário para muitos vascaínos, é mais que um estádio, é uma casa

Quando se chega a esse estádio tem-se uma clara sensação de que estamos em um estádio plenamente enraizado em seu entorno, cercado de casas que em sua maioria vestem a cruz de malta para se enfeitarem.

São Januário é rodeado pela comunidade conhecida como Barreira do Vasco,  o que em parte aumenta uma atmosfera tão importante ao futebol: a cultura popular.

Nesse sentido São Januário está na contramão das novas Arenas, porque ele ainda mantém uma atmosfera popular, uma deliciosa atmosfera popular.

É boa a oferta de bares e quiosques onde se pode fazer uma socialização antes do jogo, bebendo e comendo algo.

Churrasquinho e salsichão são o prato principal dos quiosques principalmente aqueles que ficam em frente ao estádio.

Quem quiser ir de carro a Sao Janu precisa chegar com certa antecedência porque o trânsito em dias de jogo - principalmente jogos com apelo -  é bastante caótico.

Embora fique muito próximo da Avenida Brasil e Linha Vermelha duas das principais veias de circulação da cidade do Rio de Janeiro, as ruas ao redor do estádio são muito estreitas

Estacionamento?

Tem as ruas de São Cristovão, tem o estádio (mas é um estacionamento restrito), tem um estacionamento em frente ao estádio, meio improvisado e pequeno que em pouco tempo fica cheio.

Atualmente, parte da rua em frente ao estádio está em obra, não sei dizer os motivos, e isso atrapalha mais ainda a circulação de carros e pessoas.

O estádio não tem pichação, mas em compensação nos muros do entorno...

 

Mas não é só pichação, há desenhos maneiríssimos, há um mural sobre as Copas:

Alguém sabe quem são... Achei ótimo o Dunga. É o Dunga?

O nome do autor da arte

Cheguei com muita antecedência porque precisava comprar ingressos.

Mais uma vez reclamo:

A venda de Ingressos pela internet precisam se democratizar. O site em que os ingressos do jogo do Vasco são vendidos apenas aceita uma bandeira de cartão. Por não ter cartão com essa bandeira, mesmo sócia, tive que ir ao estádio hooooras antes do jogo.

Acho que isso precisa ser mudado.

Mas enquanto não se muda aproveitei para dar umas circuladas no estádio ainda vazio, mas iniciando os preparativos para o jogo

 Desde cedo os ambulantes já tomam as ruas.

Aproveito a oportunidade para abrir um parêntesis no que diz respeito a venda de produtos, especiamente no que se refere ao vestuário

Tenho a forte impressão de  que as camisas mais bancanas não possuem uma versão feminina. Por isso andar por uma loja de material esportivo pode ser uma experiência razoavelmente frustrante para uma mulher.

Os lançamentos mais maneiros, raramente possuem versão feminina, o que é irritante demais.

Porém tem algo que me irrita mais ainda: camisas rosas!!!!!

Por que?

Acho meio que um preconceito às avessas.

Essa eterna associação do rosa com o feminino. 

Parece que precisamos usar rosa para dizer: somos a torcida feminina.

Não gosto, prefiro que se invista na igualdade de ofertas de produtos.

Enfim....

 Após esse rolé fui para o esquenta: a FEIRA DE SÃO CRISTOVÃO.

Lugar ótimo para se ir antes ou depois de um jogo em São Januário

A FEIRA DE SÃO CRISTÓVÃO

Ir a Feira de São Cristóvão é uma ótima pedida.

Lá tem forró, doces típicos, cachaça e comida ótima de se comer

A estátua de Luiz Gonzaga... um sucesso de público.....

Logo na entrada há um miniparque de diversão e já algumas barraquinha de quitutes

 

AHHHHHHHH, CANJICA, AMO!

 

Chegar na Feira é facilidade só.... são várias as linhas de ônibus. Quem tiver fôlego pode saltar no metrô de São Cristóvão e ir andando.... ou então vai de táxi...

Clima de São João, ainda presente na feira

Boooooa ideia

Eu não sabia!!!

Havia vascaínos na feira, certamente esperando a hora do jogo

 

A feira é um lugar ótimo de se ir, nela encontramos parte da cultura nordestina, o que inclui o humor 

Morri de medo desse aviso....

EU NÃO SABIA QUE EXISTIA CACHAÇA EM LATA....

Depois desse breve passeio, fomos comer

E não podia faltar ele: o famoso, o inimitável e o quase intragável, guaraná Jesus e sua cor rosa

Satisfeitos fomos para a socialização já em São Januário

 E com nosso convidado especial. O charmoso Victor, sobrinho do alemão Martin

 Então começamos a saga na direção das filas de São Januário

Olhem a carinha de assustado do Vitor!

 Todos sofrem em filas para entras no estádio...

Olhem a fila...

As filas para entrar no estádio eram grandes e isso ocorreu porque alguns portões de entrada, localizados na frente do estádio, estavam FECHADAS, ou seja tínhamos menos opções de entrada. Um vascaíno me disse que no jogo contra a Ponte Preta houve tumulto na entrada



O JOGO

Preparação para a entrada das bandeiras

As bandeiras em ação...

Então veio a chuva... muita chuva

O jogo foi péssimo. Nada nada divertido. Em alguns momentos parecia uma verdadeira pelada.

Em um estádio, pouquíssimas foram as vezes que tive vontade de pedir meu dinheiro de volta.

Vasco X  Grêmio me fez sentir assim.

Mais que isso me fez pensar que existem jogos que deveriam ser de graça de tão mal jogados.

9 da noite, debaixo de chuva, depois de enfrentar fila para entrada....

Merecíamos mais.

Não digo isso apenas porque o Vasco saiu derrotado, mas porque o futebol saiu derrotado.

Estou longe de ser adepta de qualquer louvor ao futebol-arte.

Gosto de futebol jogado com vontade e com mínimo de organização.

Vasco X Grêmio foi quase uma pelada e portanto deveria ter sido de graça.

 E esse problema se estende a muitos outros jogos que assisto pela TV. A má qualidade do futebol de alguns times é de assustar e preocupar a todos que gostam desse esporte.

Fim de festa...

bem que eu sabia que comemorar aniversário com antecedência dá azar.

Mas dias melhores virão.

para o Vasco e para o futebol,

assim esperamos....

De qualquer modo parabéns Vasco!!!!

115 anos não é para qualquer um.