segunda-feira, 18 de março de 2013

Bangu x Duque de Caxias


Em 1904 nasceu o Bangu, ou melhor, The Bangu Athletic Club, fundado por ingleses donos da Fábrica de Tecidos Bangu. 

Paralelo ao terreno dessa fábrica foi construído o campo onde o time do Bangu jogou até o final da década de 1940. 

A fábrica encerrou suas funções em 2004 e em 2007 seu prédio passou a abrigar um simpático shopping. 

Foi nesse shopping repleto de memória que demos início a Caravana

foto com funcionários da fábrica








Campo da Rua Ferrer
Fonte: http://www.bangu-ac.com.br/historia.htm


Estádio da Rua Ferrer, suas arquibancadas chegaram a pegar fogo em 1936, sendo reconstruídas em 1937
Fonte: http://www.bangu.net/multimidia/fotos/estadio/02.htm


 O campo da Rua Ferrer foi vendido e o Bangu, em 1947, inaugura o Estádio de Moça Bonita:

Como já disse certa vez adoro estádios e clubes que têm história para contar. E isso não falta ao Bangu. 

O Bangu teve a sorte de ter parte de sua história contada por Mário Filho. No maravilhoso livro, O negro no futebol brasileiro, Mário dá atenção ao Bangu e seu pioneirismo em ter um jogador mulato em seu quadro. Antes do Vasco, o Bangu já tinha um jogador mulato. Esse jogador era Francisco Carregal, um tecelão da fábrica, que aparece no centro da foto abaixo mostrada:

Carregal ao centro da foto segurando uma bola com as iniciais BAC e com a data impressa (primeiro o ano, depois o mês, seguidos do dia)

Sobre Carregal, disse Mário Filho:

No Domingo dava seus pontapés na bola, corria em campo molhando a camisa, na segunda-feira cedinho, quando o portão da fábrica se abria, lá estava ele. Ia para os teares como os outros operários, trabalhava, trabalhava, só parava na hora do almoço para voltar, depois, até às quatro horas. Nem tinha tempo de lembrar do jogo da véspera (Mário Filho, O negro no futebol brasileiro. Pongeti, 1947)


Um dos grandes nomes da história do Bangu foi ninguém menos que Domingos da Guia, tão importante que é mencionado no hino do clube: 
Trecho do hino: O Bangu tem também a sua história a sua glória,
enchendo seus fãs de alegria. De lá, pra cá, surgiu Domingos da Guia (....)
Fonte: http://omundodofutebolporbrunolopes.blogspot.com.br/2011/04/o-mestre-da-zaga-domingos-da-guia.html

A década de 1960 foi uma época gloriosa, nela o Bangu foi campeão do torneio de Nova York, vitória interpretada como a conquista de um campeonato mundial:

Desse torneio participaram times como o Sampdoria e o BAYERN DE MUNIQUE (time do nosso fofo Martin) Fonte: http://www.bangu.net/futebol/titulos/1960.php



Matéria publicada no Lance! Fonte:http://teoricosdofutebol.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html
 E ainda tem um vídeo do jogo final:



A década de 1980 também foi importante para o Bangu que chegou à final do Brasileiro, perdendo a taça para o Curitiba. Nessa época é marcante a presença de Castor de Andrade, tão marcante que a figura do castor chegou a constar na camisa do time.

Hoje em dia as referências a Castor de Andrade são várias especialmente entre os torcedores. Mas isso veremos mais tarde.

O Bangu assim como outros clubes sofre com a ausência de verbas e sofre as consequências de um futebol espetacularizado feito para poucos. Podemos dizer sim que o time do Bangu é um patrimônio, não apenas do Rio, mas do futebol brasileiro. 

Um time fundado em 1904! merece toda nossa atenção.

CHEGANDO
  
Como disse, a Caravana começou seu percurso pelo Shopping, antiga fábrica de Tecidos. De lá fomos andando até Moça Bonita.

Foram uns 10 minutos de andança até chegarmos:




Esse porte atrapalhou um pouco ...


 Em frente ao estádio há uma praça onde torcedores se reunem e onde um jogo estava sendo realizado. Jogo valendo taça:


A taça

TORCEDORES

Não é a primeira vez que assisto a um jogo em Bangu, já havia estado lá para ver Vasco X Bangu.

Sábado pela primeira vez fui a Moça Bonita com oportunidade de ficar ao lado da torcida do Bangu, podendo observá-la e ouvi-la com mais atenção.


Antes de entrar no estádio fomos fotografar uma reunião de torcedores que fazia um churrasco na praça em frente ao estádio. Ali se reunia os integrantes da BANGORÓ. Captaneados por seu Nilson todos faziam uma social antes do início do jogo:


Uma simpatia...
 Seu Nilson nos disse que mesmo sem jogo, o pessoal da Bangoró (na minha opinião o nome mais criativo de torcida) costuma se reunir porque segundo ele a Bangoró é mais que uma torcida, é uma família

Um dos integrantes dessa família é Arilson que teve sua casa invadida. Os ladrões levaram diversos bens seus e o maior deles: a camisa do Bangu comemorativa dos 100 anos do clube, além de camisa da Bangoró



O apelo de Arilson

A foto está escura, mas é ele mesmo. Aqui reforço o apelo: devolvam as camisas de Arilson!









Mas a torcida do Bangu é democrática e até as crianças têm vez. Se temos a Bangoró temos a Banguaraná!!!


Martin fez pano de fundo em muitas fotos.....

A atmosfera da torcida do Bangu, pelo menos onde fiquei, é de torcedores que de fato conhecem o time e sua história:

Um dos casais 20 do Bangu

 Havia também a presença das chamadas torcidas de alento com seus trapos e barras



Outras faixas e torcidas tabém estavam presentes:


Nessa mesma arquibancada uma faixa chamava atenção:


O estádio do Bangu precisa de fato de algumas reformas - que não o tornem arena!. O gramado está em boas condições, isso é algo raro hoje em dia. 

Os refletores funcionam, mas sua luz é fraca, o que inviabiliza jogos à noite. Refletores são fundamentais..... somente assim não se fica refém de horários como 15h30 ou 16h e pode-se desfrutar de jogos noturnos, que possibilitam públicos maiores que irão sem medo de ficar em baixo de sol escaldante





O JOGO

O jogo foi transmitido pela rádio. Graças a Deus! 

Uma das rádios que transmitiu foi a Rádio Bangu cujo radialista, Barbosa, posou simpaticamente para minha câmera:


 
O primeiro tempo do jogo foi calmo e de poucas oportunidades para ambos os times. Mesmo assim a primeira etapa terminou 1 x 1

Torcida quando fica muito perto do gramado se sente dona de todo conhecimento técnico do jogo. E o treinador da equipe tem que ter paciência:


E o juiz também.....

 
No segundo tempo o jogo melhorou muito, especialmente para o Duque de Caxias. Temendo um gol, vários torcedores do Bangu gritavam para o técnico: "vai esperar levar um gol pra trocar o time, né?!"

A torcida estava certa.

Somente após o segundo gol do Duque é que algumas alterações foram feitas no Bangu, incluisive a mais esperada de todas: a entrada do jogador Willen que tinha torcida especial nas arquibancadas:

Willen é jogador que tem contrato com o Vasco e está emprestado ao Bangu. Willien já jogou pela seleção brasielria Sub-17, sendo companheiro de Neymar
 Muitas vezes os torcedores têm razão. Assim que entrou Willen marcou o gol do empate. 

Aí o jogo pegou fogo! Ficou emocionante. Emocionante mesmo.

Presencei o lance mais fantástico do campeonato carioca. Demorei tempos para entender o que tinha havido e somente consegui compreender por comleto graças a quem?

Meu radinho.....

Após ter tentado sair driblando seus adversários, o goleiro Getúlio Vargas perdeu a bola e deixou o gol vazio, vazio....

com a bola nos pés Lucas do Duque de Caxias chutou e da arquibancada já lamentava o gol tomado nos últimos minutos.

Mas ei que aparece do nada o jogador Celsinho que de cabeça impediu um gol certo.

Porém Celsinho não surgiu do nada como disse acima. Ele estava caído fora das quatro linhas. Mas de repente foi tomado por uma força estranha - como diria nosso rei Roberto Carlos - levantou-se e de cabeça não deixou a bola entrar.

Vejam o vídeo que conta melhor que eu essa história:




Notem que o jogador que chuta para o gol estava empedido, e o jogador do Bangu, fora de campo. 

 Ou seja, foi justíssimo a bola não ter entrado.

Celsinho foi expluso e o juiz marcou tiro livre indireto. TODOS OS JOGADORES DO BANGU FORAM PARA A FRENTE DO GOL 

uhhhhhhhh....


Depois desse lance, contamos os segundos e quando um jogador do Bangu  chutava a bola para longe, recebia gritos de olé!

Então o jogo acabou e embora o ideal fosse a vitória, os torcedores foram pra casa felizes e os jogadores do Bangu saíram aplaudidos.   

Martin e Carol discutiam o lance final do jogo.... eu preferi tirar fotos.



 Bairro de Bangu - charmosérrimo -  me aguarde, a Caravana retorna no final do mês para ver Juventus X Serra Macaense, no estádio do Céres

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