quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Que futebol é esse?


Todos que me conhecem sabem da minha louca obsessão pelo Vasco da Gama. Todos sabem, pois sempre que possível faço questão de demonstrar esse sentimento que me acompanha para onde quer que eu vá.

 Entretanto, nem todos sabem que também sou uma apaixonada por futebol.

Na verdade tenho a impressão de que muitos não acreditam que eu, professora universitária e com certo estilo nerd de ser, tenha uma relação tão próxima com um esporte tão popular e tão “masculino”.

 Sim, o fato de ser mulher ainda provoca estranhamento quando começo a contar meu cotidiano perpassado por atividades em que o futebol está de algum modo presente. E faço de tudo para que esta presença se mantenha viva e constante.

Diversos podem ser os efeitos do futebol sobre nossas cabeças, indo desde a indiferença até as mais intensas e perturbadoras sensações. No que diz respeito a mim, esse esporte é uma espécie de varinha de condão que consegue operar importantes transformações.

Lembram-se da hiena Hardy Har Har. Sou eu!

Exceto se o futebol me convoca.

A má vontade e a preguiça não costumam me segurar quando o assunto é futebol - especialmente, quando se trata do Vasco da Gama. Inevitável repetir.

 Mas o que impressiona mesmo é a incrível façanha de conseguir me motivar a sair de casa sem reclamar e sem achar que tudo vai dar errado.

 Só mesmo o futebol.

 Esse último efeito é importante para minha atual atividade e que já é parte integrante do minha agenda futebolística.

 Tenho acompanhado meu amigo alemão Martin em umajornada por alguns jogos que serão realizados ao longo de 2013. Queremos visitar estádios que não conhecemos, observar a cultura futebolística de diferentes locais e ao final enchermos nossas barrigas de gostosuras regadas a cerveja.

Começamos sábado passado. E assim seguiremos ao longo do ano.

 Ir a esses jogos deve despertar a pergunta: Leda, o que você vai fazer nesses jogos?

Ora, ora, embora óbvio, vou responder.

Há muito que ser feito nesses jogos:

1.  Ver futebol

2.  Prestigiar estádios e clubes que fazem parte da história do futebol (sou pesquisadora, não esqueçam)

3.  Fugir um pouco da mesmice do futebol glamouroso

4.  Acompanhar meu amigo, alemão, Martin

5.  Conhecer um pouco mais do Rio de Janeiro (espero futuramente conhecer outras partes do Brasil)

6.  Fazer orgias gastronômicas após os jogos, em algum bar interessante e simpático.

Essa atividade fascinante não é fácil. Envolve deslocamento espacial, portanto tempo, o que quase sempre falta. Requer também dinheiro que é igual a tempo, quase sempre falta.

Entretanto, é muito prazerosa. Por isso aperto aqui e aperto ali, para no final tudo dar certo.

Mas falando mais sério ainda, essas visitas também são motivadas pelo desânimo que sinto em ver times como Olaria, Madureira, Bonsucesso, São Cristóvão tão abandonados e esquecidos.

Esses times são parte da história do futebol brasileiro e no momento em que esse futebol tem entrado em um perigoso caminho, cada vez mais sinto vontade de me aproximar ainda mais dos chamados pequenos, especialmente os do Rio de Janeiro.

          Muitos desses chamados pequenos fazem parte não apenas da minha, mas da memória efetiva de diversas pessoas.

           Não tenho nenhum tipo de ideal nostálgico, ao estilo “antigamente era melhor”. Seria simplista demais dizer isso, além de equivocado.

Posso sim acreditar que o futuro pode ser melhor. No que se refere ao futebol brasileiro, espero que esse futuro não seja um cenário onde poucos times conseguem parcerias milionárias permitindo-lhes a formação de equipes com os quais dificilmente se pode concorrer com razoável nível de igualdade.

Não gostaria de ver o futebol brasileiro como é o Espanhol em que Barcelona e Real Madri há anos se revezam no 1º lugar do campeonato.

  Nesse contexto mercadorizado pode-se sim construir um espaço mais democrático, sem disparidades tão grandes como as que vemos hoje em dia.

  Sendo assim pensar nos “pequenos” não significa a tentativa de glorificá-los apenas ou agir como uma espécie de turista que se compraz em lançar um olhar que busca o exótico.

 Pretendo me divertir porque futebol é o meu lazer preferido.

 Quero também pensar um pouco mais sobre os significados dessa frase: o Brasil é o país do futebol

 Mas de qual futebol estamos falando?

Nenhum comentário:

Postar um comentário