quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

OLARIA X AUDAX: O ESTÁDIO, O JOGO, A TORCIDA ETC

Chegando na Penha


Sábado dei um rolé na minha terra. Na minha terra chamada subúrbio carioca.
Fui a Igreja da Penha. Nunca havia estado lá, embora seja um lugar pelo qual já tenha passado diversas vezes. 




 Provavelmente essa ausência de visitas tenha relação com o recente passado violento da região, além do meu medo de altura. 

 E lá das alturas, mais especificamente da Igreja da Penha pudemos avistar ao longe o Estádio Mourão Vieira Filho ou o antologicamente conhecido como Estádio da Rua Bariri:

E é para lá que fomos com a benção de Nossa Senhora


Chegando em Olaria

Lembro como se fosse hoje de um Olaria X Vasco que ouvia no rádio enquanto pintava a sala da minha casa, por pura necessidade de distrair minha cabeça. Foram 3 gols de Romário que acabara de voltar ao meu time. Foi uma das únicas alegrias que tive naquela época ...


 A Rua Bariri faz parte da minha memória afetiva. Desde criança ouvindo jogos na rádio ou os vendo na TV e lá estava o estádio da Bariri.


 E somente sábado o conheci de fato.


 Conhecer um estádio como o do Olaria foi uma experiência fascinante.


 Mas, o primeiro contato não foi muito animador porque se deu pela parte “traseira”, um tanto sombria, digamos assim. Cheguei no momento em que a ambulância entrava:




Essa entrada é um pouco sinistra 




RUA BARIRI

           Continuei a andar e cheguei à afamada Rua Bariri e me deparei com o ônibus das duas delegações.



 Em uma das entradas encontramos alguns jogadores do Audax conversando.


 Depois fui comprar meu ingresso:





Continuando a andar cheguei à entrada do Clube. Uma simpatia:




São mais de 97 anos, o Olaria é de 1915!

A Rua Bariri merece uma menção especial. Uma digna representante do subúrbio carioca. Rua de paralelepípedo, casas simpáticas e calçadas que de repente jorram água, vinda de algum quintal que está sendo lavado. Água, geralmente com sabão em pó....



Ao fundo, meu amigo alemão fotografando


        Clubes chamados pequenos oferecem certas facilidades como, por exemplo, a possibilidade de entrar pelas sociais, sem ser sócio ou sem comprar ingressos para sócios. Esse detalhe permitiu que eu pudesse bisbilhotar o clube.



Essa lixeirinha é um charme! 






       Agora é do Olaria que vejo a Igreja



ENTRANDO NO ESTÁDIO 


É importante lembrar que o Olaria é um clube que inicialmente não comportava o futebol em suas atividades.  Sua principal glória esportiva também não é relacionada ao esporte mais popular do país. É do basquete que se deriva o grande orgulho do Olaria, especificamente a conquista de campeão estadual de Basquete infantil, em 1968, com o time treinado por Heleno Fonseca Lima, nome que posteriormente será influente no marketing esportivo brasileiro.

 Curiosidades a parte, o estádio da Rua Bariri, ao que parece foi inaugurado no final da década de 1940, mesma época em que o Pacaembu foi construído. Sua arquitetura é um tanto peculiar:


                                                    
 Assim como outros estádios há no olaria uma parte coberta que são as sociais. Nesse aspecto, o estádio da Bariri é igual a diversos outros em cuja arquitetura se expressa algum tipo diferenciação social.


Parte das sociais estava coberta com as antigas cadeiras do Maracanã, cadeiras que também estão sendo usadas no estádio do Madureira. Acabei sentando no cimento mesmo, mais apropriado para o clima futebolístico do dia.

As sociais estavam cheias:


 Por ter entrado pelas sociais não pude observar as condições acesso do público ao Estádio, nem as condições de seu interior. Mas das sociais dava para ver um estádio que precisa de diversos ajustes.

 Um dos mais importantes ajustes diz respeito à iluminação. Os refletores precisam funcionar. Assistir a jogos debaixo de sol forte ou de chuva forte não é nada bom. Passei por essa experiência em Bangu e quase não consegui prestar atenção no jogo.



Além do mais se trata da possibilidade de haver jogos noturnos, algo fundamental em dias de semana ou em dia muito quentes com calor de 40 graus.

Senti falta de Cadeiras?

 Não. Pelo menos não no estádio todo. Temos o direito ao cimento e a assistir aos jogos em pé.

 E por falar em cimento, uma pintura seria bem vinda ao estádio. Estamos na caso do azulão da Leopoldina. Mas cadê o azul?

 Bem vinda também seria qualquer reformulação que vise uma facilitação na entrada e saída de público.

 O acesso ao estádio é ótimo. Ele é próximo à estação de trem, a Avenida Brasil, a linha Amarela e está bem no centro de Olaria.
Ou seja, lugar perfeito para o futebol e que portanto deve ser parte integrante do mapa futebolístico.

Mantendo suas principais características e melhorando alguns aspectos o Estádio da Bariri pode e deveria passar a receber diversos jogos.

Futebol é lazer. E precisa ser um lazer acessível à maioria.


O JOGO (Olaria 0 x Audax 0)


Um pouco de história 

Em 1951, na edição do dia 16/08/1951, o jornal Última Hora alertava: “Corre perigo o Flamengo na Bairiri”. Segundo a reportagem o Olaria representava uma séria ameaça à boa campanha que o Flamengo fazia no Campeonato Carioca daquele ano.

Segundo o jornal, o Olaria estava se configurando naquele momento como um adversário perigoso, fato que já provara no jogo contra o Botafogo, realizado uma semana antes. Nesse jogo o Olaria empatara em pleno estádio de General Severiano.

Abaixo podíamos ver a foto seguida de uma breve matéria sobre o treino do Olaria:



 Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo Código Eletrônico: ICO_001_002733_005.jpg



Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo
Código Eletrônico: ICO_001_002733_003.jpg



Cheguei a essa matéria por causa dessas fotos disponíveis no site do arquivo de São Paulo. São fotos belíssimas e que tive a curiosidade de saber em que situação haviam sido publicadas.


Há outras fotos no Arquivo de São Paulo e que podem ser acessíveis pelo site www.arquivoestado.sp.gov.br/ 


 Uma dessas fotos é a que se mostra  abaixo. Notem que os refletores eram diferentes do que são hoje. 


 Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo
Código Eletrônico: ICO_001_002733_004.jpg



O jogo se realizou no dia 19/08/1951. 1 X 1 placar final. Nesse campeonato o Olaria somou 17 pontos ficando atrás do América. O campeão de 1951 foi o Fluminense. (ASSAF, MARTINS, 279, 2010).


BOLA ROLANDO

 Admito: sou absolutamente incompetente no que diz respeito à tática.

Mas entendo o suficiente para considerar que o time do Olaria foi muito tímido e fraco e o do Audax, defensivo demais. Mistura que não costuma ser boa. E não foi.

Não vejo problemas em jogos com qualidade técnica baixa. Mas gosto de jogos disputados em que se vê a vontade dos times vencerem. Gosto de bolas na trave, chances perdidas, chances ganhas, enfim nada de jogo morno.

Olaria e Audax foi um jogo bem morno, talvez pelo nervosismo da estreia, mas o fato é que faltou emoção.

O gramado estava bom, infinitamente melhor que o de São Januário, por exemplo, o que, aliás, não é muito difícil, há de se reconhecer. Portanto a desculpa do gramado não é aplicável a este jogo. 

 Tempo técnico. A proximidade com o campo é tanta que muitos torcedores ficam cornetando, passando instruções técnicas.... 

A TORCIDA 

O que mais chamou a atenção na torcida do Olaria foi a Torcida Império Olariense. Pude observar de perto seu momento de esquenta realizado no interior do clube. Tentei filmar, mas não deu certo a minha filmagem. Mas tirei diversas fotos:






Trata-se de uma torcida que passou o jogo nas sociais do estádio. 




Confesso que é a primeira vez que vejo uma torcida organizada ficar nessa parte do estádio.

Enquanto isso, do meu lado direito, na direção da Rua Bariri, estava situada a Torcida Jovem com sua faixa estendida e seus bandeirões rodopiando.

Nesse lado do estádio, pude observar algo razoavelmente surpreendente: torcedores em clima belicoso e promovendo pequenos corre-corres. Muitos desses torcedores subiam no muro do estádio e ficavam gesticulando para o lado de fora. Parecia que na Rua Bariri estava havendo algum tipo de confusão.
  
 Gritos ofensivos direcionados a Torcida Império podiam ser ouvidos o que inicialmente levava a crer na existência de alguma rivalidade mais aguda entre os dois agrupamentos.

Depois, conversando com um dos líderes da Império, eu e meu amigo Martin ficamos sabendo que aparentemente as duas torcidas se davam bem, sendo que muitos de seus componentes eram vizinhos e amigos de bairro.

Por outro lado sabemos que um estádio é um palco ótimo de afirmações e disputas identitárias que podem ter a ver justamente a ver com a proximidade territorial desses torcedores. E em Olaria não seria diferente.


Victor é o nome desse rapaz que nos informou sobre a questão das torcidas.


 Esse é o Victor da Império Olariense. Valeu Victor! pela colaboração. 

Victor se mostrou muito gente boa, um menino novíssimo com quem conversamos rapidamente. Perguntamos sobre sua opinião a respeito do jogo e ele nos disse que havia achado o Olaria melhor do que imaginava, afinal em relação ao ano passado o time havia se modificado bastante.

Confesso que tenho a mesma opinião em relação ao meu Vasco.


Não vou terminar tentando explicar porque esses jovens, em sua maioria, estavam em pleno sábado no estádio do Olaria.

Victor até que em alguns momentos esboçou possíveis explicações, buscando se justificar.

Isso é desnecessário.

Ninguém pensa em perguntar por que assistimos a Liga dos Campeões repleta de times com os quais não temos nenhum tipo de relação.

Para mim faz todo sentido estar na Bariri


FIM DE JOGO, INÍCIO DA ORGIA GASTRONÔMICA

O jogo terminou.....

Martin tentou me convencer a pegar o trem até nosso destino que era Brás de Pina.

Resposta: - Não.....

Costumo ser invadida por momentos de frescura e o efeito futebol estava acabando.

Pegamos um táxi e em poucos minutos chegamos ao Original do Brás, completando com gostosuras o passeio do dia.

Bar simpático e com petiscos deliciosos.

O que fiz?

Fiquei conversando e ao mesmo tempo ouvindo o jogo do Vasco.

Ah Vasco sempre volto para você...




É tão difícil para mim sorrir em foto.....


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