Sábado dei um rolé na minha terra. Na minha terra chamada subúrbio carioca.
Fui a Igreja da Penha. Nunca havia estado lá, embora seja um lugar pelo qual já tenha passado diversas vezes.
Provavelmente essa ausência de visitas tenha relação com o recente passado violento da região, além do meu medo de altura.
E lá das alturas, mais especificamente da Igreja da Penha pudemos avistar ao longe o Estádio Mourão Vieira Filho ou o antologicamente conhecido como Estádio da Rua Bariri:
E é para lá que fomos com a benção de Nossa Senhora
Chegando em Olaria
Lembro como se
fosse hoje de um Olaria X Vasco que ouvia no rádio enquanto pintava a sala da minha
casa, por pura necessidade de distrair minha cabeça. Foram 3 gols de Romário
que acabara de voltar ao meu time. Foi uma das únicas alegrias que tive naquela
época ...
Essa entrada é um pouco sinistra
RUA BARIRI
Continuei a andar e cheguei à afamada Rua Bariri e me deparei com o ônibus das duas delegações.
Continuando a
andar cheguei à entrada do Clube. Uma simpatia:
São mais de 97 anos, o Olaria é de 1915!
A Rua Bariri
merece uma menção especial. Uma digna representante do subúrbio carioca. Rua de
paralelepípedo, casas simpáticas e calçadas que de repente jorram água, vinda
de algum quintal que está sendo lavado. Água, geralmente com sabão em pó....
Ao fundo, meu amigo alemão fotografando.
Essa lixeirinha é um charme!
ENTRANDO NO ESTÁDIO
É importante lembrar que
o Olaria é um clube que inicialmente não comportava o futebol em suas
atividades. Sua principal glória
esportiva também não é relacionada ao esporte mais popular do país. É do basquete
que se deriva o grande orgulho do Olaria, especificamente a conquista de campeão
estadual de Basquete infantil, em 1968, com o time treinado por Heleno Fonseca Lima, nome que
posteriormente será influente no marketing esportivo brasileiro.
Parte das
sociais estava coberta com as antigas cadeiras do Maracanã, cadeiras que também
estão sendo usadas no estádio do Madureira. Acabei sentando no cimento mesmo,
mais apropriado para o clima futebolístico do dia.
As sociais estavam cheias:
Além do mais se
trata da possibilidade de haver jogos noturnos, algo fundamental em dias de semana ou em dia muito quentes com calor de 40 graus.
Bem vinda também seria
qualquer reformulação que vise uma facilitação na entrada e saída de público.
Ou seja, lugar perfeito para o futebol e que portanto deve ser parte integrante do mapa futebolístico.
Mantendo suas principais características e melhorando alguns aspectos o Estádio da Bariri pode e deveria passar a receber diversos jogos.
Futebol é lazer. E precisa ser um lazer acessível à maioria.
O JOGO (Olaria 0 x Audax 0)
Um pouco de história
Em 1951, na
edição do dia 16/08/1951, o jornal Última
Hora alertava: “Corre perigo o Flamengo na Bairiri”. Segundo a reportagem o
Olaria representava uma séria ameaça à boa campanha que o Flamengo fazia no Campeonato
Carioca daquele ano.
Segundo o
jornal, o Olaria estava se configurando naquele momento como um adversário
perigoso, fato que já provara no jogo contra o Botafogo, realizado uma semana
antes. Nesse jogo o Olaria empatara em pleno estádio de General Severiano.
Abaixo podíamos
ver a foto seguida de uma breve matéria sobre o treino do Olaria:
Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB
nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo Código Eletrônico: ICO_001_002733_005.jpg
Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB
nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo
Código Eletrônico: ICO_001_002733_003.jpg
Autoria: Ângelo
Código Eletrônico: ICO_001_002733_003.jpg
Cheguei a essa matéria por causa dessas fotos disponíveis no site do arquivo de São Paulo. São fotos belíssimas e que tive a curiosidade de saber em que situação haviam sido publicadas.
Há outras fotos no Arquivo de São Paulo e que podem ser acessíveis pelo site www.arquivoestado.sp.gov.br/
Uma dessas fotos é a que se mostra abaixo. Notem que os refletores eram diferentes do que são hoje.
Descrição:Esporte - Futebol - Olaria, 9 negativos 6x6 cm PB
nitrato; - Data: 15/08/1951
Autoria: Ângelo
Código Eletrônico: ICO_001_002733_004.jpg
O jogo se realizou no dia 19/08/1951. 1 X 1 placar final. Nesse campeonato o Olaria somou 17 pontos ficando atrás do América. O
campeão de 1951 foi o Fluminense. (ASSAF, MARTINS, 279, 2010).
BOLA ROLANDO
Admito: sou
absolutamente incompetente no que diz respeito à tática.
Mas entendo o
suficiente para considerar que o time do Olaria foi muito tímido e fraco e o do
Audax, defensivo demais. Mistura que não costuma ser boa. E não foi.
Não vejo
problemas em jogos com qualidade técnica baixa. Mas gosto de jogos disputados
em que se vê a vontade dos times vencerem. Gosto de bolas na trave, chances
perdidas, chances ganhas, enfim nada de jogo morno.
Olaria e Audax
foi um jogo bem morno, talvez pelo nervosismo da estreia, mas o fato é que
faltou emoção.
O gramado
estava bom, infinitamente melhor que o de São Januário, por exemplo, o que,
aliás, não é muito difícil, há de se reconhecer. Portanto a desculpa do gramado
não é aplicável a este jogo.
Tempo técnico. A proximidade com o campo é tanta que muitos torcedores ficam cornetando, passando instruções técnicas....
A TORCIDA
O que mais chamou a atenção na torcida do Olaria foi a Torcida Império Olariense. Pude observar de perto seu momento de esquenta realizado no interior do clube. Tentei filmar, mas não deu certo a minha filmagem. Mas tirei diversas fotos:
Trata-se de uma torcida que passou o jogo nas sociais do estádio.
Confesso que é a primeira vez
que vejo uma torcida organizada ficar nessa parte do estádio.
Enquanto isso,
do meu lado direito, na direção da Rua Bariri, estava situada a Torcida Jovem
com sua faixa estendida e seus bandeirões rodopiando.
Nesse lado do
estádio, pude observar algo razoavelmente surpreendente: torcedores em clima
belicoso e promovendo pequenos corre-corres. Muitos desses torcedores subiam no
muro do estádio e ficavam gesticulando para o lado de fora. Parecia que na Rua
Bariri estava havendo algum tipo de confusão.
Gritos ofensivos direcionados a Torcida
Império podiam ser ouvidos o que inicialmente levava a crer na existência de
alguma rivalidade mais aguda entre os dois agrupamentos.
Depois,
conversando com um dos líderes da Império, eu e meu amigo Martin ficamos
sabendo que aparentemente as duas torcidas se davam bem, sendo que muitos de
seus componentes eram vizinhos e amigos de bairro.
Por outro lado
sabemos que um estádio é um palco ótimo de afirmações e disputas identitárias
que podem ter a ver justamente a ver com a proximidade territorial desses
torcedores. E em Olaria não seria diferente.
Victor é o nome
desse rapaz que nos informou sobre a questão das torcidas.
Esse é o Victor da Império Olariense. Valeu Victor! pela colaboração.
Victor se
mostrou muito gente boa, um menino novíssimo com quem conversamos rapidamente. Perguntamos
sobre sua opinião a respeito do jogo e ele nos disse que havia achado o Olaria
melhor do que imaginava, afinal em relação ao ano passado o time havia se
modificado bastante.
Confesso que
tenho a mesma opinião em relação ao meu Vasco.
Não vou
terminar tentando explicar porque esses jovens, em sua maioria, estavam em
pleno sábado no estádio do Olaria.
Victor até que
em alguns momentos esboçou possíveis explicações, buscando se justificar.
Isso é
desnecessário.
Ninguém pensa
em perguntar por que assistimos a Liga dos Campeões repleta de times com os
quais não temos nenhum tipo de relação.
FIM DE JOGO, INÍCIO DA ORGIA GASTRONÔMICA
O jogo
terminou.....
Martin tentou
me convencer a pegar o trem até nosso destino que era Brás de Pina.
Resposta: - Não.....
Costumo ser
invadida por momentos de frescura e o efeito futebol estava acabando.
Pegamos um táxi
e em poucos minutos chegamos ao Original do Brás, completando com gostosuras o
passeio do dia.
Bar simpático e
com petiscos deliciosos.
O que fiz?
Fiquei
conversando e ao mesmo tempo ouvindo o jogo do Vasco.
Ah Vasco sempre
volto para você...
É tão difícil para mim sorrir em foto.....
Nenhum comentário:
Postar um comentário